Fruto de uma dissertação de mestrado, este estudo tem como essência o sujeito entre-línguas em contexto de imigração, bem como questões como memória e identidade de descendentes italianos na cidade de Salto (SP). Localizada a cem quilômetros da capital paulista, o município recebeu um fluxo de imigração italiana entre o fim do século XIX e o início do século XX. Nesse contexto de imigração analisamos as escritas de si do sujeito descendente de imigrantes, os traços e os vestígios de sua formação linguística, por meio de entrevistas semidirigidas com oito sujeitos descendentes de imigrantes italianos da cidade de Salto. A hipótese nos orientou que o sujeito vivencia tensões entre as línguas nacional e de imigração, considerando questões de memória e historicidade. A análise nos mostra que o sujeito descendente encontra(va)-se entre-línguas-culturas, o que marca traços de sua identidade, que se revelam por aspectos de interdição do Estado (silenciamento), de religiosidade, assim como pelas várias posições que o sujeito ocupa no dizer, deslizando-se entre a língua italiana e a língua portuguesa. Tal apreciação nos leva a compreender que ser-estar-entre-línguas-culturas constituiu e transforma, inevitavelmente, a identidade e a formação linguística do sujeito descendente de italianos. Assim sendo, o imbricamento de ambas as línguas constitui o sujeito nas fronteiras porosas da língua(gem), acarretando uma identidade ítalo-brasileira.