Fruto de uma dissertação de mestrado, este estudo tem como essência o sujeito entre-línguas em contexto de imigração, bem como questões como memória e identidade de descendentes italianos na cidade de Salto (SP). Localizada a cem quilômetros da capital paulista, o município recebeu um fluxo de imigração italiana entre o fim do século XIX e o início do século XX. Nesse contexto de imigração analisamos as escritas de si do sujeito descendente de imigrantes, os traços e os vestígios de sua formação linguística, por meio de entrevistas semidirigidas com oito sujeitos descendentes de imigrantes italianos da cidade de Salto. A hipótese nos orientou que o sujeito vivencia tensões entre as línguas nacional e de imigração, considerando questões de memória e historicidade. A análise nos mostra que o sujeito descendente encontra(va)-se entre-línguas-culturas, o que marca traços de sua identidade, que se revelam por aspectos de interdição do Estado (silenciamento), de religiosidade, assim como pelas várias posições que o sujeito ocupa no dizer, deslizando-se entre a língua italiana e a língua portuguesa. Tal apreciação nos leva a compreender que ser-estar-entre-línguas-culturas constituiu e transforma, inevitavelmente, a identidade e a formação linguística do sujeito descendente de italianos. Assim sendo, o imbricamento de ambas as línguas constitui o sujeito nas fronteiras porosas da língua(gem), acarretando uma identidade ítalo-brasileira.
Amores do Campo Sujo (Livro 2)
Wilians Baptis define Amores do campo sujo como uma “história de personalização de almas, superação de mentes e solidariedade, às vezes, às avessas”.
“Se tudo na vida é relativo, relativa também é a ideia que cada um faz da felicidade”. Assim como as crianças têm a curiosidade ao desconhecido e a iniciativa aos perigos controlados, os jovens têm a certeza dos perigos eminentes e a petulância de “saírem dos bancos traseiros dos carros dos pais para se posicionarem à frente dos volantes de suas próprias vidas”. É certo afirmar que em todas as investidas, há a procura à felicidade plena, muitas vezes individual. Quem fica sofre e quem parte sofre mais ainda, mas o progresso natural da existência deve sempre ser cumprido, independentemente das circularizações da auditoria dos problemas da vida. Continuamente, Wilians Baptis revela os desejos e os segredos dos integrantes de uma nova geração cheia de absurdos, despudores e amores. A terceira citação deve-se aos sentimentos puros, herdados da prole anterior.
O quarteto formado por Emylio e Beatryz, irmãos, e os amigos Tony e Severiano, mostra as diferenças de personalidades entre os quatro componentes que se relacionam sob o teto de uma amizade conturbada pelo ciúme e pelas diferenças sociais e de etnias. Em outros planos, como os maiores anéis de Saturno, outras pessoas margeiam o quadrilátero humano e se põem na mesma importância. A linda Catarina, os gêmeos Mário e Eduarda e os inúmeros jovens que fazem parte da trama, misturar-se-ão na história, e alguns deles serão denominados amores-do-campo-sujo, popularmente conhecidos como carrapichos malváceos e espinhentos. Wilians Baptis nos mostra que por amor e ódio tudo é possível, dependendo da magnitude dos elementos distintos de essência e de representatividade. Ambos os sentimentos são como vulcões adormecidos, mas com efeitos contrários. Enquanto o primeiro é de dentro para fora, o segundo vem no contra fluxo dos prazeres da alma. Wilians Baptis cultiva as aparências e as coincidências que muitas vezes não são evidentes e vão de encontro às conspirações da vida e da natureza. Até o final do livro, ninguém é perfeitamente decifrável.
Amores do campo sujo é uma grande história, que separa uma época de censuras de uma época de extrema ‘liberdade’.